27/06/08

Um policial militar é suspeito de agredir e prender Francis de Paula Moraes Santana, 18 anos, portador de deficiências na fala e audição. Santana não ouviu as ordens do soldado Jorge Costa Ramos, exigindo que ele deixasse a frente da escola onde esperava a saída da namorada, na cidade de Cardoso, no interior de São Paulo.

A prisão do rapaz levou dezenas de pessoas à frente da delegacia, que teve de ser fechada para receber o PM Jorge Costa Ramos. O policial foi vaiado ao chegar à delegacia para prestar depoimento.
Regiane Barbosa, namorada de Moraes, disse que o rapaz não entendeu a mensagem do policial. "Os PMs agiram de forma truculenta, com armas nas mãos, batendo no meu namorado com cassetete", disse Regiane. O soldado Ramos negou ter agredido o rapaz. "Eu não sabia que ele era surdo-mudo. Eu não agredi, ele quem me agrediu e tive de me defender", afirmou.

"Meu filho é surdo-mudo de nascimento e foi a PM quem chegou agredindo por ele não ter obedecido às ordens de sair de lá, mas ele não entendeu a mensagem. A PM deveria estar mais preparada e educada para tratar os deficientes", contou Evaldo Machado, pai de Moraes, que teve de buscar o filho na delegacia.

A polícia deve pedir ainda hoje exames de corpo de delito do jovem e do policial. Ambos tinham escoriações e hematomas. O comando da PM de Votuporanga, ao qual Ramos está subordinado, informou que fará uma investigação interna para apurar se o policial cometeu irregularidade na função. Moraes só pôde deixar a delegacia, acompanhado pelo pai, após ser indiciado por resistência à voz de prisão.